18.7.13

BLASTFIGHTER (Lamberto Bava, 1984)


O ator americano Michael Sopkiw é um caso curioso. Atuou em apenas quatro filmes italianos nos anos 80, demonstrou características de um autêntico herói de ação da época e, de repente, simplesmente resolveu largar mão do cinema. Foi estudar e trabalhar com remédios naturais, montou uma empresa e hoje importa e distribui nos Estados Unidos um tipo de garrafa de vidro que protege o conteúdo (os tais remédios) dos raios solares... Talvez dê para entender um bocado essa atitude lendo essa entrevista com o homem.

Um dos filmes que Sopkiw fez foi BLASTFIGHTER, que revi esta semana e descobri que não lembrava de nada! Inclusive que se tratava de um baita filmaço de ação! E Sopkiw dá um show como action heroe, o que me fez ficar ainda mais encucado pelo sujeito abandonar a carreira tão precocemente. Até porque dos quatro filmes que fez, vi três, e são ótimos! Primeiro foi 2019: AFTER THE FALL OF NEW YORK (1983), um divertido rip-off de FUGA DE NOVA YORK dirigido pelo Sergio Martino; depois foi trabalhar com Lamberto Bava num filme de tubarão, SHARK: ROSSO NELL’OCEANO (1984), que eu não vi ainda; repetiu a parceria com o Bava filho neste aqui e finalizou a carreira com o clássico filmado no Brasil PERDIDOS NO VALE DOS DINOSSAUROS (1985), de Michele Massimo Tarantini, completando cerca de três anos trabalhando no cinema.


Mas no momento vamos focar no BLASTFIGHTER. E no seu diretor, Lamberto Bava, que assina por aqui como John Old Jr.. Aqui temos um outro caso interessante de abandono. Confesso que não sei quantos filmes de ação ele fez, mas um sujeito que realiza BLASTFIGHTER deveria ter se dedicado e se tornado um mestre do gênero, do mesmo nível que um Castellari! Ok, nem tanto. Mas aposto que se daria bem melhor do que na carreira de diretor de horror movies. Bavinha tem alguns filmes excelentes, como DEMONS, mas de uma maneira geral sua carreira não tem tanta expressividade como a de um Fulci, Soavi, Argento, Freda, Deodato, e, claro, o papai. Acho que carregar esse sobrenome não deve ter sido mole...

Li em algum lugar que o projeto inicial de BLASTFIGHTER era de um sci-fi pós-apocalíptico, gênero que pintava aos montes naquele período, e a direção estava nas mãos do Lucio Fulci. Mas em algum momento da pré-produção acabou virando um filme de ação florestal, rip-off de FIRST BLOOD.


E não se trata daquelas produções carcamanas com roteiro meia boca, que vale mais pelo visual, o humor involuntário e cenas de ação. A história e os personagens de BLASTFIGHTER são muito bem escritos e a produção, cujas filmagens aconteceram nas belas paisagens da Geórgia, EUA, é bem caprichada. Sopkiw, com um bigode estilo Mauricio Merli e Franco Nero, interpreta Tiger Sharp, um ex-policial que acabou de sair da prisão por ter agido por vingança ao invés de fazer seu trabalho direito. Agora retorna à pequena cidade onde cresceu para tentar viver a vida de forma pacata. Sem procurar muito contato social, acaba tendo que reencontrar a sua filha, que não vê há muitos anos e agora já é uma moça adulta; além do seu velho amigo de infância, vivido por George Eastman.  


Não demora muito o jeitão fechado de Tiger acaba atraindo alguns jovens da cidade, que começam a implicar com o sujeito. O problema é que a coisa foge do controle e ultrapassa todos os limites do respeito pela vida humana. De repente estamos assistindo a um exército de caipiras armados com rifles de caça em punho perseguindo o protagonista e sua filha pela floresta adentro. E após uma tragédia, Tiger se vê na posição de revidar, e seu contra-ataque é simplesmente brutal!


Há toda uma preparação para a ação do personagem, uma lenta construção do inferno que ele cria para cima de seus inimigos. Vale comentar também que o herói possui uma arma avançada tecnologicamente (essa das imagens), com munição especial, que deve ser remanescente do projeto inicial de ficção científica e que é interessante vê-la em ação. Confesso que fiquei impressionado com a sequência final de ação, um tiroteio explosivo daqueles de encher os olhos! Com direito a ossos quebrados, facadas sangrentas, carros e corpos explodindo, membros decepados, uma boa dose de gore. E é por isso que dá uma pena saber que Sopkiw fez uma quantidade risível de filmes e que o Bavinha retornou ao horror ao invés de aprontar outros exemplares no estilo de BLASTFIGHTER.


Algumas curiosidades para finalizar. Há uma versão do cartaz de BLASTFIGHTER que parece demais com as artes feitas para os filmes pós-apocalípticos daquele período. Imagino que seja uma arte conceitual ainda da fase em que o projeto seria um sci-fi. Além disso, utilizaram essa figura (abaixo) que representa o Sopkiw para copiar no cartaz brasileiro de outro filme estrelado por ele, PERDIDO NO VALE DOS DINOSSAUROS. E para mostrar que picaretagem não tem limite, a ótima trilha sonora de BLASTFIGHTER também foi reaproveitada no filme de Tarantini (Valeu pelas curiosidades, Felipe, você deveria escrever sobre BLASTFIGHTER qualquer dia desses).


Um comentário:

  1. Lamberto Bava é um ótimo diretor, ainda não vi esse filme, mas deve ser bom, valeu!!!

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